terça-feira, 8 de outubro de 2019

Os antigos 'fora de catálogo' da Brianezi

Ao longo de 08 anos de colecionismo percebi que existem ainda muitas 'moscas brancas' que foram feitas na Brianezi. Ainda ninguém me tira da cabeça que os times italianos em celulóides fora de catálogo são os mais difíceis de surgirem em sua forma completa como Avellino, Pisa, Cesena, Ascoli e Cremonese.
No Leste Europeu talvez a dupla de times da extinta Tchecoslováquia (como Sparta Praga e Spartak Trnava) que não estavam escritas corretamente no catálogo também apresentam o mesmo grau.
E nos clubes brasileiros este grau de dificuldade ocorre na Francana. Nas seleções, a Bélgica e Noruega também não constavam na lista, mas tiveram produções.  

PISA/ITA
 Spartak 50mm, Série Luxo, da Eslováquia
Francana Luxo flexível de 50mm

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Processo de fabricação do modelo 'duas faixas' - 1977-86

A fase de ouro da saudosa Brianezi, também chamada de 'década de ouro', foi marcada pela segunda geração. A fase foi compreendida no final da década de 70, mais precisamente em 1976-1977 e durou aproximadamente dez anos, perto do fim de 1986. Os botões eram de celulóide importado, chamados assim, pois eram semelhantes aos materiais de 'tampas' ou 'capas' de relógios antigos. Estas miniaturas de futebol ficaram conhecidas no país inteiro e a Brianezi logo adquiriu um sinônimo: 'os botões de tampa mais famosos do Brasil'.

por Ricardo Bucci

Segundo relatos de pessoas que trabalharam na Brianezi em 1977 e que escreveram para o blog 'Botões para Sempre', o processo de fabricação dos botões 'duas faixas' era 100% artesanal. Havia uma pessoa para colocar os escudos, outra para colocar os números, todos os emblemas em 'decalque'. Estes eram vendidos também em papelarias pela cidade de São Paulo. Os botões iam para o esmalte incolor para a tinta não borrar nos respectivos números e escudos, pintura, depois a lixa para deixá-los todos retos na base, lavagem e, por fim, a embalagem.
Conheça como era detalhadamente o processo:
No fim dos anos 70 e início dos 80, reinava na Brianezi os famosos botões de acetato de celulóide importado. Na antiga fábrica era possível conhecer todo o processo de fabricação dos botões, desde o corte nas folhas de celulóide, até a embalagem final. Depois do corte em forma circular, as pequenas peças eram esquentadas numa chapa de ferro e prensadas para se tornarem botões. Em seguida eram colocados os escudos e números e, em alguns modelos, aquelas faixas que até hoje são adoradas pelos colecionadores. Já os adesivos precisavam ser molhados para serem fixados. Depois de secos, os escudos e números eram esmaltados com base para não soltar e nem entrar tinta entre os adesivos e o botão. Logo após vinha a pintura, na forma manual, uma verdadeira obra artesanal! Após a tinta secar, os botões tinham a base lixada para ficarem retos. E, para finalizar, eram lavados, secos e limpos para serem embalados nos estojinhos.
Nessa época foram produzidos mais de 250 times, entre clubes nacionais, internacionais e seleções. Flamengo e Corinthians eram líderes de venda nas lojas. Em 1988, só para se ter uma ideia, a fábrica vendeu mais de 140 mil times, segundo reportagem antiga do jornal Folha de São Paulo. A Brianezi foi a primeira fábrica a produzir o New York Cosmos em diversas cores. O tradicional amarelo, com faixas verdes, branco com faixas verdes e verde com faixas brancas. Enormes filas eram encontradas na Av. Álvaro Ramos, local da fábrica e lojinha da Brianezi. Crianças e adultos, sedentos para conseguir tais relíquias, frequentavam o local, entre eles, o jornalista Silvio Lancellotti, detentor de uma extensa coleção de botões Brianezi. O primeiro Brianezi que apareceu em minha casa foi o Clube do Remo, no final de 1976/começo de 1977. Os botões 'duas faixas' estavam só começando e no berço dos botões vinham a palheta colorida, que se manteve somente até nesta fase, goleiro em forma de 'pedra', com o escudo do clube.
As características dos botões: os botões 'duas faixas' são os mais adorados pelos amantes da Brianezi, justamente por se tratar de os melhores botões que deslizam perfeitamente sobre a mesa. Não há fase na Brianezi melhor que esta em relação ao domínio sobre os botões. Claro que uma vez ou outra, encontrávamos deformidades nos estojinhos, isto é, um ou mais botões 'tortos', que se destoavam dos demais, mas todos corriam na mesa. O grande problema destes botões sempre foi sua conservação. Muitas peças quebravam, rachavam ou trincavam, justamente por serem de material extremamente flexível, de celulóide. Sendo totalmente artesanal, outro aspecto que a criança ou adolescente tinha que ter na época era manter os botões intactos. Mas boa parte deles que raramente encontramos à venda em sites de compras ou outros meios, apresentam descascamentos nas pinturas, pela ação do tempo e falta de conservação dos antigos donos. Nos meus campeonatos, os botões 'duas faixas' dividem títulos com os botões da terceira fase. Quando estes botões de fases distintas se enfrentam, há um equilíbrio muito grande.
O Piauí já foi campeão brasileiro da terceira divisão e vice-campeão da segundona em meus torneios.
O Birmingham City já faturou uma Champions e um vice do Mundial Inter-clubes
O raríssimo Nice da França, vice-campeão de minha Champions de 2014
Outra 'mosca branca', o Lyon da França, de minha coleção. Veio numa caixa de sapatos lotada de botões antigos. Dá-lhe Lyon!
'Duas faixas' da Arábia Saudita, porém com lentes grandes, da Edição de Luxo, de 45mm. O tradicional Brianezi 'duas faixas' tinha sempre 42mm. Esta Arábia era especial e somente vendida na lojinha da Brianezi, no Belenzinho-SP.
O argentino Estudiantes de La Plata, outro time raro e fortíssimo para minha Pré-Libertadores de 2016.
Times fora de catálogo também eram encontrados nos botões da segunda geração. Aqui vemos um Ascoli, da Itália. Seleções que não estavam presentes no catálogo como Noruega e Bélgica também eram fabricadas pela antiga Brianezi.
 A seleção da Albânia, uma relíquia da fábrica, de minha coleção particular.
Este número 9 do Manchester é o melhor botão que apresento em minha coleção. Artilheiro, craque, excelente domínio, desliza uma barbaridade nas mesas. O Pelé do botão!
O grande Central de Caruaru, raro de ser achado, detentor de um magistral título pela minha segundona do brasileiro
O New York Cosmos já foi campeão de minha Libertadores e possui um título da Final Intercontinental contra o todo poderoso Bayern de Munique.
Schalke 04: taticamente falando, uma das melhores formações da Brianezi
A Brianezi lembrou com carinho de um dos times mais simpáticos do Nordeste: o tradicional Calouros do Ar, time da antiga Base Aérea de Fortaleza e que já faturou um campeonato de botão da terceira divisão, um vice da segunda e dá trabalho para os grandes na minha primeira divisão. A foto do time já circulou nas redes sociais do clube, como cordial lembrança, fato que agradeço a todos os diretores do "Tremendão da Aerolândia". Parabéns, Calouros!
O raro time mexicano Club León, feito pela Brianezi no final dos anos 70, sempre dando trabalho para todos os meus times da Libertadores da América.
O Juventus da Mooca, time adorado pela comunidade ítalo-brasileira. Nostalgia pura feita pela Brianezi, seguramente o time mais ileso e incólume que tenho em minha coleção dos Brianezi 'duas faixas'. Parabéns Lúcio Brianezi por fazer um time simplesmente maravilhoso!
A 'Squadra Azzurra' feita pela família Brianezi no começo dos anos 80, com escudo usado na Copa de 1978.
Catálogo dos times 'duas faixas'. Mais de 250 relíquias em miniaturas.
1979-1980: os botões 'duas faixas' já faziam parte de meus campeonatos. Aqui vemos eu (caçulinha) e meu irmão na partida inaugural da mesa 'Coluna Brinquedos', na partida entre Flamengo e Brasil CBD.

Para ver postagens de outros modelos de botões da Brianezi, clique nos respectivos marcadores.

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Alguns times com 'faixas pro lado' 1987-88

Goiás
Benfica
Dínamo de Kiev, coleção de Caio Lopes
Saint Étienne, coleção de Caio Lopes
Porto/POR
Bilbao

Brianezi terceira edição 1987-88 - material acetato e decalcomania, com 'faixas pro lado'.

Botões para Sempre apresenta uma postagem sobre os ótimos botões da Brianezi feitos logo depois dos famosos celulóides 'duas faixas'. Lúcio Brianezi, o maior mestre do futebol de botão do país, confeccionou a partir de 1987 as suas miniaturas de futebol ainda com os resquícios das primeiras gerações. Foram mantidos os escudos resistentes em decalques que saíam em 'água' e as famosas faixas, desta vez, o modelo tinha listras 'para cima' e 'para baixo'. A lista dos times é extensa. Não posso afirmar que ela seguiu fielmente todos os clubes brasileiros, internacionais e seleções da segunda fase. Mas pelo que venho observando, a Brianezi optou por fazer os mesmos times, ou quase todos da segunda fase daquele catálogo que compreende os 'duas faixas', de 1977-1986. O tamanho permanecia o mesmo das primeiras gerações, cerca de 42mm. 
Vale ressaltar que estes modelos tiveram vida curta. Infelizmente. Duraram até o fim do ano de 1989, aproximadamente, quando foram substituídos pelos times da 3ª fase com camisas dos clubes e seleções. Estes times são mais difíceis de se encontrarem dos que os da terceira e última geração. Vale notar também que a Brianezi não repetiu os mesmos times logo depois do fim desta confecção. Só a partir do fim dos anos 90 e com o advento da Internet, a Brianezi voltava a produzir cerca de 1.000 times de todos os continentes, porém com artes e escudos novos, da época. 
As características destes botões com faixas 'para cima' e 'para baixo' verificadas na mesa são as melhores possíveis. Ou seja, os botões são semi-flexíveis, mais resistentes que os de celulóide e deslizam muito bem. O toque de bola é rápido e envolvente. Taticamente perfeito. Percebo claramente quando jogo com eles, é que o time ataca em bloco e, nos arremates, encobrem perfeitamente o goleiro. Em geral, são mais maleáveis que os da terceira fase, embora também se enquadram na mesma classificação das gerações; o diferencial destes modelos é que eles tinham essas faixas perto do número, só que no lado direito dos botões.
Em detalhe, os modelos semi-flexíveis da Brianezi com 'faixas' que disputam campeonatos em 'Botões para Sempre': o São Bento de Sorocaba - SP que consegui a partir de uma troca muito antiga no fim dos anos 80, com um amigo de colégio. O time do interior já foi campeão na minha mesa da terceira divisão do Campeonato Brasileiro. Conseguiu também classificação inédita da segunda divisão para a elite do Campeonato Nacional. Ao lado, a seleção de Israel, que vem participando das eliminatórias da Copa de 2015 e o Barcelona, quarto colocado da última Champions League de 2014.
O Nacional do Uruguai: coleção particular do amigo jornalista André do Nascimento Pereira. Reparem que o goleiro ainda era mantido com escudo do time.
NK Zagreb, de 1987-1989, da extinta Iugoslávia, hoje Croácia
A seleção da Albânia
Peñarol, do Uruguai
Comercial - SP
Botafogo - SP
América - SP: do colecionador e botonista amigo José Mauro, dos EUA
Moto - MA
Iugoslávia
Nantes - França
O extinto MKT Zagora, hoje Beroe Stara Zagora, da Bulgária
Bélgica

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

CEUB: um dos times mais pitorescos feitos pela fábrica em 1972

Eis um time que perseguia há anos. Seja bem-vindo originalmente o belíssimo e extinto CEUB, celulóides importados, reforço de peso da primeira edição da Brianezi para a minha série D. Acompanhe abaixo uma brilhante reportagem do saudoso clube candango produzida pelo site Trivela.
 
O Ceub de 1973 a 1975: 
O time universitário que chegou ao Brasileirão
por Emmanuel do Valle
Clubes de futebol profissionais originários de universidades e que preservam esse laço de origem no nome são comuns não só na América Latina (há no Chile, no Peru, na Venezuela, no México) como também na Europa (em Portugal, na Romênia, na Irlanda). No Brasil, entretanto, sempre foram raros, casos pontuais. Talvez o de maior expressão, chegando à elite do Campeonato Brasileiro, tenha sido o efêmero Ceub, de Brasília. Durante seus quatro anos de profissionalismo, no início da década de 1970, o time azul e amarelo disputou três edições do torneio nacional, mesclando jogadores rodados, até com passagem pela Seleção, à prata da casa, e conseguiu alguns grandes resultados. Sua trajetória é o tema de hoje em “Azarões Eternos”. 
Exemplar belo e ileso. Vieram com 'furinhos' no meio. Típicos da garotada nos anos 70. Segundo o antigo dono, esses furos eram comentados na fábrica Brianezi para os clientes executarem a fim de obterem uma melhor 'aerodinâmica' nos botões.
Placar 1987. Reparem que a revista mencionava o histórico clube candango na lista dos Brianezi
Primeira Edição dos clubes feitos pela Brianezi em 1972
As origens
Os campeonatos de futebol em Brasília começaram antes mesmo da inauguração da capital, em abril de 1960, reunindo clubes originados de construtoras, associações classistas e órgãos governamentais, como o Grêmio Brasiliense, o Cruzeiro, o Rabello e o DFL (Departamento de Força e Luz, ou “Defelê”, como era popularmente conhecido). Houve até mesmo um pioneiro período profissional, em meados da primeira década, que levou a alguns destes clubes a disputarem as fases regionais da Taça Brasil e que terminou por volta de 1967 com a falência dos poucos que ainda resistiam. Ao longo do período, o público foi minguando, o que levou a um retorno ao amadorismo.
Em fevereiro de 1971, foi a vez dos alunos e funcionários do Centro de Ensino Unificado de Brasília (Ceub) – universidade privada fundada dois anos antes – criarem um clube, que estreou no torneio amador da capital naquele mesmo ano. Na primeira participação ficou em terceiro, decidindo o título do ano seguinte com o Serviço Gráfico. Já em 1973, viria o passo mais ambicioso: ao saber que a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) pretendia ampliar o Campeonato Brasileiro de 26 para 40 clubes, possivelmente incluindo um representante do Distrito Federal, o Ceub se aproximou da entidade, pleiteando a vaga.
A CBD fez exigências: para disputar o Nacional, o Ceub precisava se profissionalizar, além de contar com um estádio com capacidade mínima exigida para mandar seus jogos. Assim foi feito: apesar de manter o nome, o clube se desligou administrativamente do centro universitário que o dera origem (ainda que a instituição mantivesse a ajuda financeira e cedesse bolsas de estudo aos atletas). Reformou e ampliou a toque de caixa o Estádio Edson Arantes do Nascimento, o Pelezão, que passou a receber até 40 mil pessoas. E para não fazer feio no Brasileiro, trouxe vários jogadores experientes do Sul e Sudeste.
Pronto para o Brasileiro de 1973
Para o gol, chegaram Rogério (ex-Grêmio) e Valdir (ex-Vasco). A defesa foi reforçada com os veteranos Rildo (ex-Botafogo, Santos e seleção brasileira da Copa de 1966) e Oldair (ex-Palmeiras, Vasco, Fluminense e capitão do Atlético Mineiro na conquista do título brasileiro de 1971), além do zagueiro Paulo Lumumba (ex-Bonsucesso e Flamengo). No meio, o volante Jadir (ex-Grêmio) atuaria à frente do setor defensivo. O ponta de lança era Cláudio Garcia (ex-Fluminense). E para a frente também vieram Dario (ex-América-MG, Palmeiras, Flamengo e Fluminense) e os ponteiros Tuca Ferretti (ex-Botafogo) e Xisté (ex-Palmeiras).
Aos nomes rodados, misturava-se a prata da casa, garotos de 17, 18 anos revelados pelo próprio clube que teriam então uma vitrine nacional. Eram os casos do zagueiro Emerson (filho do supervisor do clube), do talentoso meia Péricles (já um ídolo da torcida) e do ponteiro Marco Antônio (que mais tarde seria convocado pela seleção brasileira amadora para disputar o Torneio de Cannes). Ao longo do primeiro semestre de 1973, o time fez uma série de amistosos com grandes clubes do país para adquirir conjunto e experiência. Agora o único clube profissional do Distrito Federal, o Ceub passou a manter duas equipes: uma para o Campeonato Brasileiro e outra, amadora, para participar do torneio metropolitano.
Inicialmente, o time trabalhou sob o comando do técnico Marinho, demitido após pouco mais de 20 dias no cargo por desentendimentos com dirigentes. Para o Campeonato Brasileiro, chegaria o experiente e folclórico João Avelino. Entre a saída do primeiro e a contratação do segundo, Cláudio Garcia acumularia interinamente os cargos de jogador e treinador. A estreia no Campeonato Brasileiro viria numa tarde de sábado, 25 de agosto, contra o Botafogo diante de um Pelezão lotado. O jogo teve transmissão ao vivo para todo o Brasil pela TV Tupi e foi bem disputado, terminando num empate sem gols.
Naquele jogo, o Ceub entrou em campo com o time considerado titular: Rogério no gol, Oldair na lateral direita e Rildo na esquerda, postados mais defensivamente, Paulo Lumumba e Emerson como dupla de zaga, Jadir, Péricles e Cláudio Garcia no meio e Marco Antônio, Dario e Valmir (outra cria da base) no ataque. Pela transmissão, ainda em preto e branco, não foi possível notar as cores do novo time, mas o desenho da camisa – predominantemente azul, mas com as mangas listradas em azul e amarelo, além dos calções e meiões brancos - já chamava a atenção.
Vitórias marcantes sobre clubes grandes
Com o goleiro Valdir, arte do saudoso amigo Ale di Caprio, do Tribuna do Botão.
Em breve, o que se destacaria era a campanha: após o empate na estreia, os brasilienses perderam para o Coritiba fora por 2 a 1, mas se recuperaram batendo o Figueirense no Pelezão e, em seguida, obtendo seu primeiro triunfo marcante, diante do Cruzeiro. Em 5 de setembro, o time mineiro levou todos os seus craques – Raul, Nelinho, Perfumo, Piazza, Zé Carlos, Dirceu Lopes – ao Pelezão, mas não conseguiu furar a defesa do Ceub, com Oldair e Rildo fechando os espaços pelos lados e Jadir, pelo miolo, além de Péricles ganhando a batalha com Dirceu Lopes. Na etapa final, após suportar a pressão, os donos da casa marcaram aos 21 com Dario e aos 31 com Marco Antônio, conquistando uma vitória de 2 a 0 muito comemorada.
Após o resultado, entretanto, o Ceub começou uma sequência ruim, prejudicado pelas repetidas baixas no elenco (trazido para supri-las, o veterano zagueiro Roberto Dias, ex-São Paulo, acabou tendo passagem meteórica, de apenas quatro jogos). Embora continuasse a tirar pontos das equipes dos grandes centros (depois do 0 a 0 contra o Botafogo e a vitória sobre o Cruzeiro, os brasilienses também arrancaram um empate com o São Paulo e bateram o America do Rio), passou a decepcionar com derrotas para equipes do Nordeste, perdendo em casa para CRB, Moto Clube e Fortaleza. Este último revés provocou a demissão do técnico João Avelino, que saiu com o mesmo discurso dos jogadores: a equipe tinha ótimo potencial, mas vinha sofrendo uma maré de azar.
A falta de sorte continuou no jogo seguinte, derrota por 1 a 0 para o América Mineiro num gol contra do lateral Lauro. Novamente treinada por Cláudio Garcia – que agora encerrava definitivamente a carreira de jogador e iniciava a de técnico – a equipe teria nada menos que o Corinthians pela frente, três dias depois. Mesmo com a ausência de Rivelino, os paulistas eram francos favoritos e vinham em alta na competição, sustentando uma invencibilidade de dez partidas. Mas foi o Ceub quem abriu o placar com o atacante Juraci aos 37 do primeiro tempo. Na etapa final, o centroavante Roberto Miranda empatou para o Alvinegro aos 27, mas, quando já era certa a virada corintiana, Juraci marcou outra vez e deu a vitória aos brasilienses.
Embalado, o time conquistou sua única vitória fora de casa na partida seguinte, diante do Paysandu em Belém, outra vez com gol de Juraci (1 a 0). Ironicamente, o técnico do Papão era João Avelino, contratado dias depois de ser demitido pelos brasilienses. Divididos em dois grupos de 20 equipes no primeiro turno, os 40 clubes do Brasileiro foram redistribuídos em quatro grupos de dez para o returno. Nesta etapa, o Ceub fez ótima campanha no Pelezão, vencendo Comercial de Campo Grande, Paysandu (outra vez) e Moto Clube e empatando com Santa Cruz e Remo. Mas como visitante perdeu suas quatro partidas.
Na soma das duas fases, o Ceub terminou em 33º lugar, com oito vitórias, seis empates e 14 derrotas, sem chegar a sofrer nenhuma goleada. Embora não avançasse para a etapa seguinte, disputada pelos 20 melhores da fase classificatória, o balanço final foi favorável, com retrospecto aceitável para um estreante, especialmente em vista dos bons resultados diante dos clubes grandes. Na virada do ano, em fevereiro de 1974, o time de amadores conquistou o Campeonato Brasiliense de 1973, superando numa melhor de três partidas a equipe do Relações Exteriores. Foi o único título do clube no torneio.
1974: Casa nova, mas campanha fraca
Mantido pela CBD no Brasileiro para o torneio de 1974 (que começaria logo depois do encerramento da edição de 1973), o Ceub perdeu alguns de seus nomes experientes: o goleiro Rogério foi negociado com o America do Rio (no qual participaria de um time histórico, o que venceria a Taça Guanabara daquele ano), Jadir retornou ao futebol gaúcho e Paulo Lumumba encerrou a carreira – além de Cláudio Garcia, que agora, oficialmente, era apenas o técnico. Reserva no ano anterior, o ex-vascaíno Valdir assumiu a camisa 1, enquanto Pedro Pradera entrou na zaga no lugar de Lumumba.
Outra novidade foi o estádio. Durante aquele Brasileiro, o Ceub deixou o Pelezão e passou a atuar no mais novo palco da Capital Federal, o Estádio Governador Hélio Prates da Silveira (que futuramente seria renomeado Mané Garrincha). A inauguração do estádio aconteceu justamente na partida de estreia do Ceub no campeonato, contra o Corinthians, em 10 de março. Os paulistas tiveram sua revanche da derrota no Pelezão no ano anterior e venceram por 2 a 1, com dois gols de Vaguinho. Juraci, autor dos tentos da vitória brasiliense em 1973, descontou para os donos da casa.
Mesmo assim, a campanha na segunda participação no torneio nacional foi sensivelmente mais fraca. O Ceub venceu apenas três partidas (Fortaleza e Sport em casa e o Nacional em Manaus), mas seus resultados mais significativos foram os empates contra o Palmeiras e o São Paulo (o time também ficou na igualdade com Portuguesa, Santa Cruz, Goiás e o Operário de Campo Grande). Terminou numa modesta 37º posição entre 40 equipes, superando apenas Itabaiana, Avaí e CSA. O público também se afastou: no ranking das rendas, o clube ficou no mesmo 37º lugar, à frente dos Américas Mineiro e de Natal e do Olaria. 
Inauguração do Mané Garrincha 
1975: Excursão ao exterior e última campanha no nacional
Em fevereiro de 1975, João Avelino voltou ao comando da equipe, substituindo Aírton Nogueira, que passaria a ser seu auxiliar. E em maio, o Ceub embarcou numa extensa excursão pela Europa e norte da África, passando por Marrocos, Argélia, França, Iugoslávia e Espanha. Em meio a um desempenho oscilante, bastante comum neste tipo de empreitada, alguns dos resultados foram marcantes. Na França, a equipe brasiliense derrotou o Racing Strasbourg (2 a 0) jogando no Parc des Princes. E na Espanha, emendou triunfos sobre o Deportivo de La Coruña (2 a 0), o Betis (2 a 1) e o Tenerife (2 a 0).
No segundo semestre, para aquela que seria sua última participação no Brasileiro, a equipe ainda mantinha alguns bons valores feitos em casa, como Emerson, Péricles, Marco Antônio e o ponta Dinarte, mas também apresentava outros novos, como o goleiro Paulo Vitor (mais tarde campeão brasileiro e tri carioca pelo Fluminense, além de defender a seleção brasileira) e o ponta-direita Junior (que seguiria no ano seguinte para o Flamengo, onde seria chamado de Junior Brasília). Assim, as contratações chegaram em volume menor do que dois anos antes: os nomes mais destacados foram os do goleiro Jair Bragança (ex-reserva de Wendell no Botafogo, trazido por empréstimo) e um já veterano Fio “Maravilha”, ex-Flamengo.
Com o técnico Marinho retornando no lugar de Avelino, o time perdeu os dois primeiros jogos, em visitas ao Goiânia e ao Figueirense, ambas por 2 a 1, mas em seguida reagiu e fez campanha bastante consistente na primeira fase. O primeiro ponto veio ao segurar um empate contra o Grêmio (0 a 0) em pleno Olímpico, feito repetido diante da Portuguesa no Pacaembu (1 a 1). De volta ao Pelezão, vieram os primeiros triunfos: 2 a 1 sobre a Campinense, com gols de Marco Antônio e Fio, e 1 a 0 contra o Vitória, gol de Péricles.
A única derrota daquela sequência até o fim da primeira etapa veio em casa diante do Flamengo, no jogo que estabeleceu o recorde de público do Pelezão: mais de 41 mil torcedores viram os rubro-negros vencerem por 1 a 0, com tento marcado pelo ponteiro Luís Paulo. Nos quatro últimos jogos, o time foi buscar no fim um empate em 2 a 2 com o Sergipe em Aracaju e, em casa, derrotou o América de Natal por 2 a 1, empatou sem gols com um forte Santa Cruz (que seria semifinalista naquele ano) e, de novo, conseguiu um 2 a 2 com dois gols no fim diante do Santos. 
O desempenho equilibrado (três vitórias, cinco empates, três derrotas, 12 gols marcados e sofridos) não foi, entretanto, o suficiente para levar o Ceub a um dos grupos de vencedores na fase seguinte. Relegado à repescagem, o time até começou bem, vencendo a Desportiva e arrancando um empate contra o CSA em Maceió, mas decepcionou nos últimos jogos, perdendo em casa para Americano e Bahia e caindo com um 3 a 0 para o Náutico no Arruda, na despedida. Na classificação final, o time ocupou a 31ª posição.
1976: O fim do Ceub
Ironicamente, o ano de 1976, em que o Distrito Federal voltaria enfim a ter um campeonato profissional, também assistiu ao fim do Ceub. Tudo por conta de uma polêmica quanto à indicação do representante no Brasileirão daquele ano. No início da temporada, a CBD anunciou que a vaga no torneio nacional ficaria com o campeão do certame brasiliense, a ser iniciado em abril. O regulamento original previa que as oito equipes se enfrentassem em três turnos corridos, com os vencedores de cada etapa reunidos na fase final.
O Ceub começou com todo o gás: logo na estreia, sapecou 6 a 0 no Gama, conquistando o primeiro turno com seis vitórias e um empate em sete jogos. A primeira intervenção da CBD veio pouco antes do returno: a entidade exigia um encurtamento do torneio, para que o campeão fosse conhecido até 40 dias antes do início do Brasileiro. A etapa então foi reformulada, com as equipes divididas em dois grupos, com um jogo extra entre os vencedores para apontar o campeão do returno. E novamente deu Ceub, que, de acordo com o regulamento, levaria dois pontos extras para o terceiro e último turno.
Até que a CBD entrou novamente em cena, exigindo um novo encurtamento do calendário. Sem saber o que fazer, a Federação Metropolitana recebeu da entidade nacional a sugestão de suspender em caráter temporário o torneio regional e realizar, a toque de caixa, um torneio extra para apontar o participante do Brasileiro de 1976 (enquanto que o Campeonato Brasiliense, a ser retomado mais tarde a partir do terceiro turno, indicaria o representante no Brasileiro de 1977). O Brasília venceu o torneio extra, dando início uma guerra judicial nos bastidores que culminou com a perda da vaga no Brasileiro pelo Distrito Federal (seria repassada a São Paulo, que indicou a Ponte Preta).
Sentindo-se prejudicado – já que vinha em ótima situação no torneio regional, com chance até de levar a taça de modo antecipado, sem a necessidade de finais e, dessa forma, ser indicado para o Brasileiro – o Ceub se desinteressou pela disputa do terceiro turno do Campeonato Brasiliense, abandonando a competição e extinguindo seu departamento de futebol profissional. Seus resultados no torneio passaram então a ser desconsiderados, com os segundos colocados no primeiro e segundo turnos herdando a vaga no triangular final, ao lado do Brasília, vencedor da terceira etapa – e que conquistaria o título.
A partir daquele ano, o Brasília tomaria a hegemonia do futebol local, arrebanhando nomes criados no Ceub – como o goleiro Paulo Vítor, o meia Péricles e o técnico Cláudio Garcia – e vencendo sete dos nove campeonatos disputados até 1984. O Distrito Federal ainda assistiria a longos períodos vitoriosos do Gama (década de 1990 e início dos anos 2000) e do Brasiliense (do início dos anos 2000 em diante). Ambos chegariam a transpor sua força para o âmbito nacional, subindo divisões até a elite do Brasileirão e fazendo ótimas campanhas também na Copa do Brasil. Mas, bem antes deles, o Ceub, em sua curta trajetória, foi o grande desbravador, o primeiro a causar impacto no resto do país.