O 'Tremendão da Aerolândia'
Uma viagem ao passado da Brianezi, a marca mais famosa de futebol de botão do país. Compro e pago muito bem times e coleções antigas dos anos 70. Aceito doações dos jogos, caso a pessoa não queira dinheiro. Toda doação eu retribuo em ajuda a uma instituição que cuida de crianças carentes. Esta página é um produto do site Botões para Sempre. Desde 1979 colecionando emoções.
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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020
quinta-feira, 19 de setembro de 2019
Processo de fabricação do modelo 'duas faixas' - 1977-86
A fase de ouro da saudosa Brianezi, também chamada de 'década de ouro', foi marcada pela segunda geração. A fase foi compreendida no final da década de 70, mais precisamente em 1976-1977 e durou aproximadamente dez anos, perto do fim de 1986. Os botões eram de celulóide importado, chamados assim, pois eram semelhantes aos materiais de 'tampas' ou 'capas' de relógios antigos. Estas miniaturas de futebol ficaram conhecidas no país inteiro e a Brianezi logo adquiriu um sinônimo: 'os botões de tampa mais famosos do Brasil'.
por Ricardo Bucci
Segundo relatos de pessoas que trabalharam na Brianezi em 1977 e que escreveram para o blog 'Botões para Sempre', o processo de fabricação dos botões 'duas faixas' era 100% artesanal. Havia uma pessoa para colocar os escudos, outra para colocar os números, todos os emblemas em 'decalque'. Estes eram vendidos também em papelarias pela cidade de São Paulo. Os botões iam para o esmalte incolor para a tinta não borrar nos respectivos números e escudos, pintura, depois a lixa para deixá-los todos retos na base, lavagem e, por fim, a embalagem.
Conheça como era detalhadamente o processo:
No fim dos anos 70 e início dos 80, reinava na Brianezi os famosos
botões de acetato de celulóide importado. Na antiga fábrica era possível
conhecer todo o processo de fabricação dos botões, desde o corte nas
folhas de celulóide, até a embalagem final. Depois do corte em forma
circular, as pequenas peças eram esquentadas numa chapa de ferro e
prensadas para se tornarem botões. Em seguida eram colocados os escudos e
números e, em alguns modelos, aquelas faixas que até hoje são adoradas
pelos colecionadores. Já os adesivos precisavam ser
molhados para serem fixados. Depois de secos, os escudos e números eram
esmaltados com base para não soltar e nem entrar tinta entre os adesivos
e o botão. Logo após vinha a pintura, na forma manual, uma
verdadeira obra artesanal! Após a tinta secar, os botões tinham a base
lixada para ficarem retos. E, para finalizar, eram lavados, secos e
limpos para serem embalados nos estojinhos.
Nessa época foram produzidos mais de 250 times, entre clubes nacionais, internacionais e seleções. Flamengo e Corinthians eram líderes de venda nas lojas. Em 1988, só para se ter uma ideia, a fábrica vendeu mais de 140 mil times, segundo reportagem antiga do jornal Folha de São Paulo. A Brianezi foi a primeira fábrica a produzir o New York Cosmos em diversas cores. O tradicional amarelo, com faixas verdes, branco com faixas verdes e verde com faixas brancas. Enormes filas eram encontradas na Av. Álvaro Ramos, local da fábrica e lojinha da Brianezi. Crianças e adultos, sedentos para conseguir tais relíquias, frequentavam o local, entre eles, o jornalista Silvio Lancellotti, detentor de uma extensa coleção de botões Brianezi. O primeiro Brianezi que apareceu em minha casa foi o Clube do Remo, no final de 1976/começo de 1977. Os botões 'duas faixas' estavam só começando e no berço dos botões vinham a palheta colorida, que se manteve somente até nesta fase, goleiro em forma de 'pedra', com o escudo do clube.
As características dos botões: os botões 'duas faixas' são os mais adorados pelos amantes da Brianezi, justamente por se tratar de os melhores botões que deslizam perfeitamente sobre a mesa. Não há fase na Brianezi melhor que esta em relação ao domínio sobre os botões. Claro que uma vez ou outra, encontrávamos deformidades nos estojinhos, isto é, um ou mais botões 'tortos', que se destoavam dos demais, mas todos corriam na mesa. O grande problema destes botões sempre foi sua conservação. Muitas peças quebravam, rachavam ou trincavam, justamente por serem de material extremamente flexível, de celulóide. Sendo totalmente artesanal, outro aspecto que a criança ou adolescente tinha que ter na época era manter os botões intactos. Mas boa parte deles que raramente encontramos à venda em sites de compras ou outros meios, apresentam descascamentos nas pinturas, pela ação do tempo e falta de conservação dos antigos donos. Nos meus campeonatos, os botões 'duas faixas' dividem títulos com os botões da terceira fase. Quando estes botões de fases distintas se enfrentam, há um equilíbrio muito grande.
O Piauí já foi campeão brasileiro da terceira divisão e vice-campeão da segundona em meus torneios.O Birmingham City já faturou uma Champions e um vice do Mundial Inter-clubes
O raríssimo Nice da França, vice-campeão de minha Champions de 2014
Outra 'mosca branca', o Lyon da França, de minha coleção. Veio numa caixa de sapatos lotada de botões antigos. Dá-lhe Lyon!
'Duas faixas' da Arábia Saudita, porém com lentes grandes, da Edição de Luxo, de 45mm. O tradicional Brianezi 'duas faixas' tinha sempre 42mm. Esta Arábia era especial e somente vendida na lojinha da Brianezi, no Belenzinho-SP.
O argentino Estudiantes de La Plata, outro time raro e fortíssimo para minha Pré-Libertadores de 2016.
Times fora de catálogo também eram encontrados nos botões da segunda geração. Aqui vemos um Ascoli, da Itália. Seleções que não estavam presentes no catálogo como Noruega e Bélgica também eram fabricadas pela antiga Brianezi.
A seleção da Albânia, uma relíquia da fábrica, de minha coleção particular.
Este número 9 do Manchester é o melhor botão que apresento em minha coleção. Artilheiro, craque, excelente domínio, desliza uma barbaridade nas mesas. O Pelé do botão!
O grande Central de Caruaru, raro de ser achado, detentor de um magistral título pela minha segundona do brasileiro
O New York Cosmos já foi campeão de minha Libertadores e possui um título da Final Intercontinental contra o todo poderoso Bayern de Munique.
Schalke 04: taticamente falando, uma das melhores formações da Brianezi
A Brianezi lembrou com carinho de um dos times mais simpáticos do Nordeste: o tradicional Calouros do Ar, time da antiga Base Aérea de Fortaleza e que já faturou um campeonato de botão da terceira divisão, um vice da segunda e dá trabalho para os grandes na minha primeira divisão. A foto do time já circulou nas redes sociais do clube, como cordial lembrança, fato que agradeço a todos os diretores do "Tremendão da Aerolândia". Parabéns, Calouros!
O raro time mexicano Club León, feito pela Brianezi no final dos anos 70, sempre dando trabalho para todos os meus times da Libertadores da América.
O Juventus da Mooca, time adorado pela comunidade ítalo-brasileira. Nostalgia pura feita pela Brianezi, seguramente o time mais ileso e incólume que tenho em minha coleção dos Brianezi 'duas faixas'. Parabéns Lúcio Brianezi por fazer um time simplesmente maravilhoso!
A 'Squadra Azzurra' feita pela família Brianezi no começo dos anos 80, com escudo usado na Copa de 1978.
Catálogo dos times 'duas faixas'. Mais de 250 relíquias em miniaturas.
1979-1980: os botões 'duas faixas' já faziam parte de meus campeonatos. Aqui vemos eu (caçulinha) e meu irmão na partida inaugural da mesa 'Coluna Brinquedos', na partida entre Flamengo e Brasil CBD.
Para ver postagens de outros modelos de botões da Brianezi, clique nos respectivos marcadores.
segunda-feira, 9 de setembro de 2019
A segunda fase da Brianezi intitulada 'duas faixas': 1977 a 1986
por Ricardo Bucci
Ah! Se pudéssemos voltar no tempo...
Caríssimos amigos, colecionadores e leitores de "Botões para Sempre". Não resisti à tentação de escrever um artigo e apresento-lhes um pouco da vibrante Brianezi, cuja empresa foi pioneira nos botões chamados "oficiais". Uma pena que a Brianezi encerrou sua linha de produção de botões, em dezembro de 2001, muito motivada pela pressão dos clubes frente ao uso de imagem dos escudinhos e pelo próprio enfraquecimento do futebol de botão por causa dos jogos eletrônicos.
Bons tempos àqueles que podíamos fazer um pedido a domicílio ou mesmo frequentar a lojinha da Brianezi, que se localizava na Av. Álvaro Ramos, na esquina de uma "viela" sem saída, no Belenzinho, em São Paulo.
Bons tempos que no fundo dessa lojinha rolava campeonatos disputadíssimos, onde pais e filhos tinham um só objetivo: se divertir.
Bons tempos onde tínhamos a chance de adquirir, em qualquer loja de esporte, um jogo de botão "oficial". Pela pesquisa que realizei no site 'Empresas do Brasil', Paulo Brianezi, fundador da marca, registrou o nascimento da fábrica em 17 de agosto de 1972. No livro "Botoníssimo - O livro do Futebol de Mesa", de Ubirajara Bueno, nos idos de 1972, o fundador Paulo logo depois de confeccionar botões de forma caseira, industrializa o processo, usando acetato de celulóide importado do Japão. Já os botões, do tipo "tampa de relógio", são decorados com escudos e bandeiras. O resultado? Bingo! Um jogo com acabamento impecável. No estojinho desfilavam monstros sagrados do futebol de uma época mais 'romântica', digamos. A bolinha de lã era novidade. As mesas - chamadas de campos oficiais -, (que eu cresci chamando de "tábua") lembravam estádios reais como uma Fonte Nova, Castelão ou Maracanã. As palhetas eram coloridas (verdadeiras relíquias se hoje encontradas) e davam mais emoção ao jogo. Mediam cerca de 52mm de diâmetro e eram macias e flexíveis.
Apresento-lhes abaixo um catálogo de times produzidos na fase áurea da Brianezi. Ninguém produziu tantos times como a Brianezi. A coleção é extensa. No final dos anos 70 e início dos 80, a Brianezi vendia cerca de 250 times nacionais, internacionais e seleções. O CEUB - Centro de Ensino Unificado de Brasília (DF) era um time caçula dos concorrentes do Campeonato Nacional de 1973. Tinha apenas dois anos de existência e era formado por jovens valores e "cobras" do passado como Rildo, Oldair e Lumumba. Seu treinador era João Avelino e, nas mesas da Brianezi, o time se destacava pelas suas cores coloridas azul e amarelo. Outras agremiações do DF feitas pela Brianezi era o Colombo, campeão candango de 1971, e o inusitado Carioca. No estado do Ceará, a Brianezi produzia um dos times mais simpáticos do Nordeste: o Calouros do Ar. O "Tremendão da Aerolândia", carinhosamente chamado pelos torcedores do Calouros, foi fundado em 1952. O nome foi dado em homenagem ao conjunto musical da Base Aérea de Fortaleza (CE) e aos aspirantes a oficiais aviadores que chegavam todos anos à Base.
Tive na década de 80, e agora com muito custo e espera, consegui achá-lo novamente, um dos times mais conhecidos do mundo: o Cosmos, time em que o Rei do Futebol, Pelé, encerrou sua magistral carreira. O nome do clube foi idealizado pelo inglês Clive Toye, o primeiro diretor do clube. A inspiração veio do New York Mets, time de beisebol. Foi também por sugestão de Toye, que as cores iniciais do Cosmos fossem o verde e amarelo, em homenagem ao Brasil de 1970, tri-campeão da Copa do Mundo. O verde e o amarelo permaneceram até 1974, quando foram alterados para o branco e o verde, que foi usado até 1979. A partir de 1980, as cores passaram a ser o branco e o azul. A Brianezi produzia em maior porcentagem na fábrica o Cosmos em "amarelo com faixas verdes". Porém, existiam outras versões de cores. Exemplo: podíamos achar três cores de botões para a ex-Alemanha Oriental (branca, vermelha e amarela) e assim por diante com outros times.
Depois adquiri bons times da Brianezi que ainda hoje dão trabalho a qualquer outro botão fabricado artesanalmente. São eles: Brasil CBD, de 1979 (a CBD reinou no país até esse ano); Internacional, de 1978, Flamengo, de 1979, Manchester United, de 1980, onde tínhamos o número 9 que eu comentava que era o 'melhor do mundo', no botão, pois ainda ele joga uma "barbaridade"; Guarani, de 1981, Corinthians, de 1982 e centenas de outros comprados já numa "terceira fase", no final da década de 80.
Porém, o primeiro a gente nunca esquece. No começo de 1977 aparecia em minha casa o primeiro "Brianezi", comprado pelo meu pai e que era do meu irmão mais velho. Tratava-se do Clube do Remo, um dos grandes times da região Norte. Ficávamos encantados com o estojinho, o goleiro (que estampava o distintivo do clube), feito de 'pedra', a palheta ou "batedor" (que era colorida e tinha o azul como cor marcante) e a bolinha, que, por incrível que pareça, também era revestida de lã azul e branca, ou seja, as cores do 'Leão Azul do Norte'.
Aproveito abaixo também para ilustrar um pouco esse artigo com fotos de alguns Brianezi. Fico aqui no aguardo de comentários dos meus leitores na expectativa de encontrar pessoas que possam contar um pouco de seus Brianezi, principalmente, daqueles jogos da segunda fase da empresa, que compreende a fase de 'ouro' da Brianezi, isto já na segunda metade dos anos 70 e início da de 80, cujos botões eram encontrados nas lojas com aquelas "duas faixas" típicas, em celulóide. E é justamente dessa época que posto essa lista, feita pela própria Brianezi, e que continha uma centena de times nacionais, internacionais e seleções.
Lista dos times produzidos pela Brianezi do período 1977-1986:
A caixa típica da fábrica, com a rara seleção albanesa de minha coleção
Acima, o New York Cosmos, final dos anos 70 e abaixo, o Brasil CBD 1979 e Manchester United 1980 com o melhor JOGADOR DE TODOS OS TEMPOS DE MINHA COLEÇÃO, O ATACANTE NÚMERO 9.
Iugoslávia com faixa azul petróleo e goleiro de pedra amarelo
Caixa típica dos 'duas faixas': ref. 06 no catálogo, com o escudo na lateral do estojo
Este Juventus da Mooca é seguramente o time mais ileso de minha coleção antiga. Nenhum risco, trinca, quebra, parece que foi fabricado ontem pela Brianezi. O goleiro de pedra, típico das primeiras gerações, que durou até esta época. A partir do final dos anos 80, a empresa optou por fazer goleiros sem os escudos dos clubes.
Palhetas coloridas e flexíveis: que durou até 1986Acima, o Calouros do Ar, time que a Brianezi produzia.
Estados Unidos: segunda edição com o Porto Rico feito nos primórdios entre 1972-76
Brianezi produzidos entre 1987 até o fim do encerramento da linha, isto é, em 2001. Os de 1987 a 1996 são mais robustos e 'gordinhos'. Os de 1997 a 2001 são mais duros e rígidos.
O antológico UNIÃO BANDEIRANTE FEITO EM 1977
A querida 'PATATIVA DO AGRESTE', O CENTRAL DA BRIANEZI
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